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A vaidade
O orgulhoso olha-se num espelho; o vaidoso se contempla nos olhos dos outros.
A palavra vaidade tem sua origem no termo latino, vanus, que quer dizer vão, vazio.
Assim sendo, pode-se dizer que vaidade é sinônimo de vão, de vazio. É a disposição de uma pessoa que se atribui qualidades que possui, ou que tenta adquirir por falsas vantagens. O contrário de vaidade é modéstia, simplicidade.
A vaidade é muitas vezes tida por sinônimo de orgulho, mas são coisas diferentes, embora haja filiação já que o orgulho é pai de todos os vícios.
O orgulho diz respeito à opinião que temos de nós mesmos, e isso nos basta. A opinião do outro pouco ou nada nos importa. A vaidade é a parte de nós que quer ser admirada, glorificada, adulada, e para isso precisa do outro.
Como disse Saint-Exupéry “Para os vaidosos, os outros são admiradores”
Às vezes ouve-se dizer: “É preciso ter um pouco de vaidade, senão se cai no relaxamento, no descuido de si mesmo.” Essa ideia resulta da confusão entre vaidade e estima.
A estima é o sentimento favorável nascido da boa opinião que se tem do mérito, do real valor de alguém. É consideração, deferência, respeito. Portanto, o asseio que todos devemos ter para conosco mesmos não é vaidade, é cuidado, é higiene.
Voltemos à vaidade. A pessoa vaidosa escuta com satisfação o adulador que elogia suas fraquezas, e muitas vezes repele o amigo sincero que lhe diz a verdade e lhe dá bons conselhos. O vaidoso atrai o falso amigo e afasta o verdadeiro e desinteressado.
Para agradar o vaidoso é preciso adular, aprovar tudo, tudo aplaudir e achar tudo bom, mesmo o absurdo.
Por isso a vaidade é uma fraqueza humana habilmente explorada pelos aduladores que têm interesse em dela tirar proveito.
Vê-se essa habilidade sendo exercida por parte daqueles que querem convencer a pessoa a adquirir algum produto. Os elogios são os mais variados, apelando-se sempre para a vaidade. O comprador muitas vezes percebe tarde demais as consequências, mas então já está feito o mal, e às vezes ele não tem remédio.
Talvez tenha comprado o que não precisava, com dinheiro que não tinha, para parecer o que não era, e impressionar alguém que nem conhecia.
Jean de La Fontaine retratou muito bem a vaidade em sua fábula “O corvo e a raposa”:
O senhor corvo numa árvore empoleirado
Segurava no seu bico um queijo.
A senhora raposa, pelo odor atraída,
Dirigiu-se-lhe mais ou menos com estas palavras:
Olá! bom-dia, senhor corvo,
Como sois bonito! Como me pareceis belo!
Sem mentir, se o vosso gorjeio
For semelhante à vossa plumagem,
Vós sois a fénix dos habitantes destes bosques.
Com estas palavras o corvo não cabe em si de contente;
E para mostrar a sua bela voz,
Ele abre o grande bico e deixa cair a sua presa.
A raposa apodera-se dela e diz: "Meu bom senhor,
Aprendei que todo o adulador
Vive às custas daquele que o escuta:
Esta lição vale bem um queijo, sem dúvida."
O corvo, envergonhado e confuso,
Jurou, mas um pouco tarde, que não o apanhariam mais.
Equipe Filosofia no ar / tc 09/03/2013
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