CONFIRA OS TEXTOS: |
MAIS LIDOS |
DESTAQUES |
“Mataram a formiguinha! Que dó!”
Primeiros passos de um filósofo amador...
Como geralmente os nossos olhos só conseguem ver o que já conhecemos, não é de estranhar que cada um veja o mundo de forma diferente.
É assim que milhares de pessoas assistem o mesmo filme e cada uma percebe nuances diferentes nas falas, nos cenários, nas imagens, embora estejam todas diante do mesmo evento.
Um exemplo pode nos ajudar a compreender melhor isso.
Há um vídeo disponível na internet, de apenas 1 minuto e meio, e do qual vamos extrair algumas reflexões.
Trata-se do vídeo: “Mataram a formiguinha! Que dó!”
O vídeo mostra uma cena ocorrida entre dois garotinhos, de cerca de 3 anos, gêmeos univitelinos, em que um deles chora desesperadamente diante de uma formiga que fora esmagada pelo seu irmãozinho. Entre soluços e lágrimas ele abraça o irmão que pisou na formiga e repete: “Que dó!, Que dó!, Que dóóóó!...”, mas o seu irmão parece não entender o porquê de tanto desespero.
As visões das pessoas que assistem o vídeo provavelmente são tão variadas quanto o seu número.
Uns acham a cena cômica e caem na gargalhada. Outros veem apenas duas crianças que se debatem por um capricho infantil. Alguns aproveitam a oportunidade para debochar, enquanto outros se irritam com o choro do garoto, e tem ainda os que desejariam bater naquele que matou a formiga.
Há também os que se comovem com o sofrimento da criança, choram junto, e outros que dizem: Que dó! Que dó, que dó..., mas do garoto que sofre, e não da formiga morta. Deve haver aqueles nos quais a cena desperta uma viva compaixão pelos garotos e que lamentam também a morte da pobre formiga.
Todavia, se você é daquelas pessoas que deseja desenvolver um olhar filosófico sobre a vida, pode observar de um outro ângulo e retirar daí motivos de boas reflexões.
O filósofo é, antes de tudo, um bom observador. Ele aproveita todas as situações dignas de sua atenção para tirar delas lições para a vida. É por isso que muitas vezes ele olha o que todos olham, mas vê o que muitos não enxergam.
Então, ao ver o citado vídeo, o verdadeiro filósofo poderia propor as seguintes questões:
1. De onde vem a diferença de caracteres entre dois irmãos, gestados numa mesma gravidez?
2. Por que um é extremamente sensível diante da morte de uma pequena formiga, enquanto o outro fica indiferente?
3. Por que em vez de partir para cima do irmão que matou sua formiga, o garotinho o abraça?
4. Se naquele inseto ele visse apenas seu brinquedo quebrado, não deveria agir de outra forma?
É assim que o filósofo amador sincero vai buscar, sem ideias preconcebidas, as alternativas de respostas entre tudo o que já leu nos grandes filósofos, para escolher a que melhor lhe satisfaça a razão e ao coração. De um fato aparentemente simples e particular, ele poderá fazer boas e profundas ilações que lhe servirão para entender o geral, e resumir todas essas questões numa única pergunta:
5. Afinal, por que existem tantas diferenças entre os homens, no que diz respeito à inteligência, aos caracteres, aos sentimentos?
Sabe ele que os materialistas dirão: “O acaso deu a uns uma matéria cerebral em maior quantidade e de melhor qualidade, e a outros deu o contrário. Neste caso, os homens não passariam de legumes, uns maiores e mais saboroso do que outros.
Dirão os espiritualistas, que creem que alma é criada junto com o corpo, que Deus deu a uns uma alma mais favorecida que a outros. Neste caso valeira perguntar o porquê dessa parcialidade, dessa preferência.
Os espiritualistas que creem na preexistência da alma e na pluralidade das existências, ou reencarnação, dirão que os homens são encarnações de Espíritos distintos uns dos outros, e são movidos por experiências adquiridas ao longo das suas múltiplas existências. Assim se justificariam as diferenças de caracteres que existe entre os homens, e que se pode perceber muitas vezes desde o berço. Antes de renascer, uns são já mais adiantados e outros menos, mas todos com as mesmas possibilidades de progresso.
Qual dessas teoria satisfaz mais a razão?
Nenhuma delas a satisfaz?
É o que cada um descobrirá por si mesmo, refletindo sobre as respostas e aplicando-as a todos os casos, a fim de escolher a que lhe parecer mais de acordo com a justiça, e a que mais soluções lógicas lhe oferecer.
Equipe Filosofia no ar / tc 01/06/2011
ITENS RELACIONADOS: |
|||
|
|||
|
|||
LINKS | |||
|
|||
|